sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Coitada da moleirinha!

Toda a noite a moleirinha peneirou, peneirou,
e mesmo antes de subir a serra, cansada,
e ofegante, a moleirinha errante
a farinha despejou e em neve se tornou,
branca e fria, leve, leve e fininha,
feita de lágrimas da linda moleirinha;
e tanto, tanto chorou! e tanto, tanto soluçou,
que em lindo orvalho se moldou,
vasto e imenso, imerso em frio denso,
e toda a noite em cristal se ficou,
o choro manso e humilde da linda moleirinha.

Toda a noite a moleirinha
peneirou, peneirou
toda a gente assim dizia,
esta noite é que nevou, é que nevou!
e era um tal espanto, uma tal maravilha!
deixando a terra, toda, assim toda branquinha!
que até mesmo parecia, finos e requintados,
sublimes e aprimorados, lindos! lindos,
e esmerados, finos rendilhados
da mais preciosa e trabalhada joalharia!
e mesmo, mesmo a sufocar, sem mais aguentar
começou a polvilhar sacos e sacos de farinha,
e todas as casas, árvores, ruas e telhados,
assim mesmo caiados, de tanta brancura
mostrar, parece que a moleirinha, de neve andou a pintar,
em brios de mil louvores, vidros esculpidos
em mil rigores, polidos de mil favores,
árvores lavradas de branco vestidas,
estátuas, de mármores, antigas!
Toda a noite a moleirinha
peneirou, peneirou
toda gente assim dizia,
esta noite é que nevou, é que nevou!
e o sol, até para brincar, lá no cimo, a brilhar
e para se acreditar, começou de a acariciar
e mesmo de leve, mesmo de levezinho
lhe tocou a ciciar, e escutando, de mansinho,
se sente o sussurrar ali naquele ribeirinho,
onde o sol, de envergonhado, se ficou, escondidinho
e era tanta a paz na terra, uma paz celestial,
no meio de tal brancura, no meio de tal beleza,
a formosura da neve era a maior riqueza!
sem diferença, tudo igual, a moleirinha
pintou , de neve, que maravilha!
a terra toda e a paz divinal
Toda a noite a moleirinha
peneirou, peneirou
toda a gente assim dizia,
esta noite é que nevou, é que nevou!
e um coelhito ousado, de focinho afiado,
em pêlo eriçado, as orelhas espetadas,
indiferente ao caçador, na neve deixa sulcado
qual arado de lavrador, semente de ingenuidade,
coragem e liberdade e meio estonteado,
sem medo da pontaria, procura um breve calor
na calmaria da neve, branca e leve de uma tarde fria.
Toda a noite a moleirinha
peneirou, peneirou
toda a gente assim dizia,
esta noite é que nevou é que nevou!
e mesmo no silêncio da calmaria no ar
se escuta, se sente, e se pressente,
se adivinha, o respirar da linda moleirinha
que toda a noite peneirou, peneirou
e de neve, branca e fininha, pura, imaculada
no silêncio de uma noite abafada
em frio cortante, gelo afiado a terra redondinha pintou
em brios de mil louvores, jóias de mil lavores,
esculpidos e polidos, árvores de branco lavradas,
vestidas de estátuas, de mármores, antigas,
de neve, branca e fininha, pura, imaculada!
Toda a noite a moleirinha
peneirou, peneirou
toda a gente assim dizia,
esta noite é que nevou, é que nevou!,
e o luar de prata , devagar, devagarinho,
já a meio do caminho, desce a serra de mansinho
em afagos de magia, sonhos de melodia,
da lua redonda e nua, etéreos, brancos,
fios prateados, de azul marchetados, tece ,
e na rua gelada e fria, suave calmaria,
de paz, é iguaria, assim se insinua na alma
mais dura, e a paz na terra, divina,
amanhece, branca e pura, imaculada aparece.
Toda a a noite a moleirinha peneirou, peneirou
e tão cansada ficou, que a farinha soltou
ali pela serra acima e tanto, tanto soluçou
a noite inteira chorou, que em neve branca e fina
se tornou. Coitada da moleirinha…..!
e era um tal espanto, uma tal maravilha,
deixando a terra assim, toda branquinha
que até mesmo parecia, finos e requintados,
sublimes e aprimorados, lindos, lindos
e requintados da mais preciosa e trabalhada joalharia
e o sol mediu em mil rigores, em mil favores
depois, em mil lavores, poliu e esculpiu
árvores lavradas de branco vestidas
em brilhos de mil vidrilhos,
estátuas, de mármores, antigas;
Toda a noite a moleirinha
peneirou, peneirou
toda a gente assim dizia,
Esta noite é que nevou, é que nevou
Para todos,
que o natal vos acache em muitas e muitas cachinhas de bênçãos!
boas festas!!

Arinda Andrés

vossemecê tem uma cara igualzinha, igualzinha!...

O Serafim ficou sem mãe ao nascer, e o pai, o Armando Cholim, pastor há muitos anos na Casa Grande, não era homem para abandonar as ovelhas e deixar o patrão. Habituado a calcorrear os montes, meses a fio sem descer ao povoado, não ia habituar-se a outra vida. Criado com uma tia, o rapaz, dada a escassez de recursos e terminada a escola, era necessário dar-lhe um rumo para se poder desenrascar e, querido como era de todos, ninguém se poupava a esforços para opinar sobre o destino do garoto; já que a sorte não o tinha bafejado, que ao menos, agora, a criança tivesse uma vida mais limpinha e bonita do que aqueles que tinham ficado ali, entre os torrões e as silvas de uma terra dura de cultivar, que fazia dos seus, escravos, e sujeitos ao trabalho de noite a noite. «P´ra ele estava bem era sapateiro, como o ti João Quim, ou alfaiate, o rapaz tem cabeça, lá isso tem». E foi assim, entre mimos e carinhos de uns e de outros, como caule fino e frágil, mas sempre direitinho, que foi crescendo, não pensando, nem lhe passava pela cabeça, um dia, ter que deixar a rua e os vizinhos, onde tudo lhe era tão familiar, naquela cabeça de cabelos encaracolados, ruços, como os anjos o tinham pintado, nem mesmo se esquecendo de lhe pôr uns olhos tão cheios de sonhos e de amor como macia era a cor do mar, que o Serafim sabia, de cor e salteado, o nome de todos os cães, e, se alguma galinha ou peru, mais cabeça no ar, se extraviava, ele saberia, de imediato, do seu paradeiro: «Olhe, a sua pita, andava agora na terlavila (atrás da vila), quer que la vá lá botar para baixo?». E da sua boca pura, infantil, nunca se ouviu qualquer palavrinha que não fosse dita e ouvida como um bem, tal era a generosidade e alegria que sempre manifestara; leve como um pardal, ao passar por esta ou aquela porta, havia sempre de dizer com inteira prontidão: «Quer que le vá a um recado?»; e ia mesmo, ia num pé e vinha noutro, tão ligeiramente e tão eficientemente, que ninguém ousaria questionar sobre qualquer solução apresentada, e rapidamente, pois o garoto, a despeito de muitas e muitas ausências e carências em que cresceu, nunca lhe faltou a resposta, pronta e rápida com que premiava quem o interpelasse. E no tempo em que as searas, soberanamente e desdenhosamente se ostentavam em exuberantes caules de seiva madura, pronta a cortar para sustento dos animais, era ver o Serafim, cheio de gaitas, que dava a quem lhas pedisse, emitindo belos trinados, de fazer inveja a qualquer pardal, que se arvorasse o título do mais sublime gorjeio; natural e harmoniosamente, como se, já nas mãos, trouxesse também a harmonia gorjeante e o timbre dos sons, metendo as rudes gaitas nos beiços de querubim, encantava quem o ouvisse, «parece um melro…que bem! nem um canário, o raparigo!»
Estávamos em 1952, a água transbordava nos chafarizes de Santo Apolinário e do Couço, e em fiozinhos esperançosos, corria suavemente, ora sumindo-se aqui, encolhendo-se ali, ou demorando-se, ténue e intermitente, no contorno de algum seixinho, antes de chegar às hortas vizinhas; as oliveiras vergavam-se ao peso das azeitonas e as amêndoas, de um aveludado macio e tenro, em casca dura, áspera e castanha se amontoavam, depois de secas em casa, ou na rua para se entregarem ao malhadoiro certeiro. E na luz fina e macia de um Outono doirado, suave e sereno, divinamente colorido, os rapazes, de calções e suspensórios, cruzavam as ruas, de arco na mão, ligeiramente inclinados e de olhar embevecido no passar dos sonhos, perdido na inocência de uma infância pacata e acomodada ao aconchego constante e seguro da casa e da família. O sol refulgia no cinzento azulado das pedras de xisto e redobrava-se em promessas nos vidros das janelas.
Mas o tempo passou e com ele o Serafim partiu, numa manhã fria e de vento agreste, para Lisboa. Os pardais alinharam-se nos beirais das casas, e tristemente, esconderam o bico sob as asas, descaídas de pesar. A gente ficou muda de tristeza, rematando num encolher de ombros conformista, por palavras, que nada dizem: «É a vida …». Mais um filho da terra, que partia à aventura. Trabalhava numa pequena mercearia, onde as pessoas faziam, sempre, as mesmas coisas; era um novelo, a desfazer-se em vontades, nas mãos do patrão e dos clientes e nunca ninguém reparou no Serafim. Encaixado lá no alto, num quartinho exíguo e mal arejado, a criança, com um olhar profundo, enternecidamente saudoso e magoado, via o vai e vem frenético das pessoas e lembrava a beleza da sua terra, o nascer do sol, mesmo ali, por cima da serra…, a apanha da azeitona, a quebra da amêndoa… mãos nodosas de trabalho ou ágeis de juventude, cheias de grão, a cair no alqueire, como pétalas a abrir em sonhos e ilusões, e histórias dos antigos, a encurtar o serão de tempos bem diferentes…, o cheiro do pão e dos bolos da festa, os jogos com os rapazes na praça… e nas meninas dos olhos do Serafim, os amigos passavam, à volta das eiras, de arco na mão, à luz de um Outono soalheiro e luminoso…As saudades apertavam-lhe a garganta, escureciam-lhe o olhar, antes, aberto e limpo, agora, escondido entre sobrancelhas, tensas e pesadas de melancolia e de receios; na cabeça, as lembranças derretiam-lhe a alma, e diluíam-se em apegos dos sentidos à sua terrinha natal, em acordes de melodias, que ecoavam em gargalhadas felizes, enamoradas, das raparigas, sobrepondo-se ao martelar dos malhadoiros, ao escachar das amêndoas e ao cair sonoro do grão, no açafate velhinho, de noites e noites, a encher-se de ilusões e de esperanças; depois, à meia-noite, qual revoada de pássaros a festejar baptizado, bandos de mocidade animada, em grupos de realejo e concertina, cantavam ao despique, enquanto os pares rodopiavam, ao som do coração, no terreiro; ele bem se lembrava, e que saudades..! andava cabisbaixo e amofinado, apesar de não querer dar-se por vencido. Mas acreditava sempre que as coisas haviam de mudar. Sentado num banquinho de jardim, sozinho, as lágrimas vieram confortá-lo de tantos desencontros que a vida lhe trouxera; os olhos embaciados, nem descortinavam a presença do polícia que, vendo a criança chorar tão tristemente, tão amargamente e tão doridamente, veio aproximar-se daquele rosto de menino ou de anjo, devia ser, com as lágrimas a escorrer pela cara abaixo. O dia rompera numa manhã doce, clara e sossegada, envolvida num manto de céu azul! O Serafim, de punhos da camisa devidamente esticados, olhou, de olhos bem abertos, soluçou profundamente, engoliu as lágrimas de um só trago e, limpando o nariz avermelhado de tanta emoção à manga do casaco que a madrinha lhe tinha dado para ir trabalhar para Lisboa, disse prontamente com um olhar límpido, tranquilo, e decididamente: «Vossemecê tem a cara igualzinha, …igualzinha… a um homem da minha terra, que é muito meu amigo!». E ainda a soluçar, engolindo o pão duro, amaciado com as lágrimas da tristeza: «O senhor é igualzinho, igualzinho a ele!». O agente de autoridade, já esquecido da autoridade, das leis e de todos os códigos de identificação, estendeu a mão, generosa, segura e protectora, ao menino frágil, indefeso e desprotegido, mas forte de sentimentos, e caminharam rumo ao lar. Os pássaros, todos! debaixo de um céu azul, divinamente azul, em gorjeios celestiais, cantaram hinos de alegria! A luz do sol brilhou intensamente, com uma luz quente de gratidão e inocência, alegremente! E veio meter-se com os caracóis de um menino que partiu sozinho para a grande cidade. O Serafim, num abrir e fechar de olhos, atirou-lhe uma piscadela, e as meias, a estoirar de curiosidade, e ávidas de cuidados maternais, espreitaram ainda mais, por baixo das calças, a deixar ver os tornozelos finos, de criança; mais direito ainda, para si e para os outros, nas voltas da vida, esticou bem aprumadamente o pescoço, e apertou a mão do amigo. Naquela noite, o Serafim entrou numa casa cheia de flores, a desabrochar em muitas e muitas primaveras e, apesar do seu tamanho, sentiu-se gente grande!

Arinda Andrés

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

AS MULHERES DA MINHA TERRA

As mulheres da minha terra,
Não tinham a pele fina,
Nem tingiam os lábios de cor purpurina.

As mulheres da minha terra,
Não punham flores na cabeça;
Dobravam -se ao peso da guerra e à dor da tristeza.

E quando a vida era noite, cobriam-se de merino preto;
Sumiam-se nas sombras pardas do monte,
E de passadas largas, carregavam água da fonte.

Vinham mesmo de manhãzinha,
Ou mesmo antes de romper o amanhecer.
De rodilha na cabeça; o cântaro d´água fresca para beber.

Traziam água, traziam rosas, sonhos e ilusões,
No ribeiro ficou a mágoa e na roupa bem lavada,
As mulheres da minha terra, de pele acetinada, trazem rios d` emoções.


arinda andrés, Quando a vida era noite

torce por isso

torce por isso,
não vá o enguiço,
fazer-te submisso
e de improviso
malicioso feitiço
sinuoso serviço
insubmisso
em rebuliço,
prolixo
sem lei nem siso
ambicioso
pernicioso juízo
conciso aviso
sorrisoindeciso
toque impreciso
se tece fio de luz
fio de sombra
amanhece
toque impreciso

A.Andrés

CALEIRA GOTEIRA

trovas, trovando
e calando
a caleira
goteira
goteja gotas
na cal da eira
se a cal se acala
e o vento se cala
fica a ceifeira
sem eira nem beira
enquanto a caleira
se cala e a água cai
na fraga larga,
despeja a água
da corrente para a fonte
e do monte para a ribeira
rasteira, que bordeja
e fareja a água
que sobeja
e goteja gotas na
cal da eira,
a goteira
da ribeira para
a caleira goteira

arinda andrés

Memórias

Em tempos que já lá vão, uns boémios, entre os quais um irmão meu, deitaram uma das bolas do Tribunal ao chão.
Fois um acto de vandalismo.
Em Fevereiro de 1978, cansado de ver aquele disparate, fiz uma quadra que colei na bola caída.
Assim:


Se a Justiça fosse macho,
Teria sido castrada;
Como é fêmea, ó diacho,
´Tá somente “avariada”.

E a bola voltou para o lugar. Com aquilo se provou o poder das palavras (e poucas!).

De Sidónio Fernandes
27.11.10. Algés

POEMA

Eu não existo.

Sou excrescência, um quisto
Da humanidade
Imitar Cristo
É grande dificuldade;
Foi um revolucionário,
Daí o seu calvário.
Os irmãos Graco
Na Roma Imperial
Foram mortos
Ao pregarem a justiça social.
Gandhi, em África, na Europa,
Na India, sem tropa,
Fundou um país em 1947;
Ele foi Rei, não foi valete.
Por último Che Guevara,
Um justiceiro,
A quem Torga chamou
“Jesus Cristo guerrilheiro”
Todos defenderam os pobres,
Tiveram caridade,
São figuras nobres
Da humanidade.

De Sidónio Fernandes
2006. Queluz

sábado, 11 de dezembro de 2010

NOS MEUS TEMPOS DO COLÉGIO - A Sala de Estudo

Era uma sala ampla, vazia de sons e de movimento, em manhãs frias, de invernos amodorrados nas pedras húmidas e escorregadias, cinzentas também na bruma de uma neblina escura a descortinar uma porta aberta de par em par, com um lance de escadas em granito, silencioso, que conduzia ao tempo do estudo, do tirar dúvidas, de explicar, repetir, insistir e prestar atenção. Era ao lado da secretaria, do senhor Antoninho, que, enquanto o professor não chegasse, ia cortando o silêncio de um bsbsbs, com um olhar tranquilo e calmo de um rosto afável, emoldurado pela serenidade dos cabelos brancos, que olhava placidamente, aqueles jovens, alguns ainda a lembrar o calor das lareiras ou o ninho dos cobertores de papa, ainda não arrefecidos, de rapazes e raparigas, alguns, nem todos, que se levantavam de madrugada, de geadas e vendavais “para ser alguém na vida”. E aconchegados às carteiras de madeira, naturalmente, ali se aguardava, a chegada do professor em que as coisas precisavam de ser bem aferidas, e, inevitavelmente, para quem a vida se limitava ao concreto e imediato de uma terra dura de trabalhar mas fácil de conhecer e de gostar, os cálculos da matemática, por mais que o Dr. Ramiro se esforçasse, não eram facilmente apetecidos. Mas vamos ao plano da acção, que é do que vos quero falar. Pois bem, eu só fui à sala de estudo uma vez ou duas; nunca fui muito dada a madrugadas, mas ainda me lembro bem, a porta aberta, e o Director do colégio, era o primeiro a chegar; era, portanto a primeira aula; e ele aí vinha, ágil e rápido, «acertar contas com a Matemática», para o quadro, e de nariz bem levantado, nas pontas dos pés, de mãos fechadas, inclinadas para trás, a barafustar, indignado, num vozeirão tonitroante, quão imensa era a sua sabedoria e competência, «Tu não tens vergonha de ainda não saber isto?», e de mãos abertas, levantadas, «ó minha rica menina, tu não te assustes; não é contigo que eu estou a berrar»;e aí a varinha “mágica”, tentava desfazer escolhos e abrolhos de cabeças ainda adormecidas para a dureza da vida. Que me perdoe o Dr. Ramiro, de cuja imagem apenas me ficaram marcas de generosidade, bondade e uma mente aberta, esclarecida; mas estou em crer que aquela varinha apenas vislumbrava eliminar algum granulozito de pó que pudesse acumular-se nas costas de algum casaco mal escovado e, por isso, afoito às traças. Lá dizia o ditado, «numa mão o pão, noutra a educação», agora não diz, mas o resultado está à vista. Mas passemos ao personagem seguinte, e tinha que ser, pois claro, o Padre Ribeiro, uma figura por demais carismática: generoso de costas e braços, não muito menos na altura, entrava assim de lado, por entre as portas de então, estreitas, embora altas, e vinha sempre apressado, metido numa gabardine azul escura, por baixo um casaco, bem agasalhado, que o inverno em Moncorvo até fazia suar as telhas dos telhados, de cristais a pingar, abrir a boca para respirar, o frio intenso era como facas a cortar, e o orvalho no jardim verde de relva farta, eram rendilhados, de um branco imaculado, gelado a intimidar os “passeantes”, voluntários ou obrigados; mas voltemos ao Padre Ribeiro, também, claro, acompanhado da varinha, que era rápida e certeira; aqui já eu estava muito à vontade, mas ele imprimia uma dinâmica à aula cheia de entusiasmo, quem não se lembra de enunciar os verbos todos, de Francês? Até os papagueávamos! e sabíamo-los todos, e do caderninho de significados, e da estratégia de, os melhores, formarem equipas, escolhendo os restantes elementos para se disputarem os verbos, o vocabulário e a gramática, como se chamava aquele jogo, alguém se lembra? Era uma competição saudável, mas alcançando, assim, uma interacção viva e constante a que ninguém, mesmo os mais apáticos, conseguia escapar. E lá estava a varinha… Depois vinha a D. Maria Pêra, minha professora de Português; eu estava logo à frente, sendo das mais novas e também dos alunos mais pequenos, assim como a Margarida Gouveia, que morava numa rua muito próximo do jardim, eu ocupava a primeira carteira e, como tal, mesmo à mão de semear; e apesar de, com a familiaridade que era peculiar a todos os professores, ela gostar de perguntar, já não sei a quem, pelas botas de polimento, lembram-se? eu não achava grande piada àquela mania que ela tinha de sacudir o pó com a mão, que vos digo que, certa vez, estive na iminência de a sentir, e era tão leve em movimento, quão pesada no cair, a mão, claro. Contudo, a ninguém deixou danos demolidores, aquela mania de preservar os casacos do pó e das traças da vida. Ainda que não fosse muito longo o meu tempo de colégio, dele guardo gratas recordações e agora mesmo perpassa na minha mente o tempo do intervalo: a aula acabava e, mal passávamos a porta da sala, abríamos a saquinha de guardanapo e toca a mastigar o pão com a marmelada, caseirinha, evidentemente, e, o mais provável era ter sido feita à lareira, em avantajada caldeira de cobre e bem batida, sem varinha mágica, mas com a velha e artesanal colher de pau, herança de família, a maior parte das vezes, a rodar, em círculo fechado, na magia das tardes breves de um anoitecer precoce de melancolia rotineira porém saudosa, de casas cheias de gente, de respostas e de certezas; mas estávamos no intervalo, descíamos uns degraus e o espaço enchia-se de alegria e divertimento; animadamente conversávamos e brincávamos de acordo com a idade ou a natureza de cada uma, jogava-se a macaca, trocávamos postais e bilhetinhos, escondidos em cadernos, sebentas ou compêndios e cartas, cromos dos ídolos do nosso mundo pequeno das nossas fantasias; passeávamos sonhos e devaneios, trocávamos confidências amistosas na simplicidade das nossas vidas; penso que o recreio, nas traseiras do colégio, era só de meninas, separado, portanto, do dos rapazes. Eram momentos de sã camaradagem e, logo no primeiro dia em que cheguei, fui surpreendida com o jogo do peixinho, além de outros, como o do lencinho. Terminadas as aulas, que decorriam sobretudo, de manhã, dirigíamo-nos para casa e era uma alegria ver aquela rua, torrente de mocidade, viva de sonhos e de entusiasmos, rua de velhas e sólidas paredes, cheia de jovens, conversando, rindo e brincando, sempre alegres, galhofeiros, e muito francos, irmãos na confraternização e na brincadeira, descendo, uma rua de comércio, de vai e vem de movimentada gente das aldeias circunvizinhas e da vila, cumprindo tarefas iguais, desde aviar um recadinho, fazer umas compras, até visitar os amigos, para não deixar esquecer os mimos da aldeia, sempre na memória de todos.

Arinda Andrés

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

NOS MEUS TEMPOS DE COLÉGIO

 Com uma negativa a Desenho, era urgente corrigir a minha falta de jeito, habilidade ou trabalho; fosse o que fosse, tinha que se remediar; e para tal problema não havia melhor solução do que entregar -me à responsabilidade de pessoa bem indicada para semelhante função: o Dr. Leite. E não haja dúvida de que se tratou o mal pela raiz, pelo que consegui obter uma excelente nota no meu exame de 2º ano. E ainda hoje me lembro bem e de que maneira, da estratégia usada, para além da persistência e do trabalho, aquando das nossas imperfeições ou incorrecções ou ausência de destreza manual. Primava pela ironia mordaz, incisiva, mas de tal modo marcante e pertinente, perdoem-me a redundância, que nem aos mais indiferentes ouvidos, ela deixaria de atingir e ficar bem registada na nossa memória; é por isso, de certeza, e eu que até era um pouco, vamos lá, distraída, concentrava-me no meu trabalho, que, ainda que fosse mais ou menos tímida, como quase todas da minha idade, eu era das mais novas, não deixava de achar uma graça enorme, esboçando o «politicamente correcto», sorriso e toca de fazer tudo muito bem feitinho, se não passaria eu, também, para a berlinda. Mas então vamos lá ao cenário, para depois se passar ao acontecimento: nós tínhamos aulas numa sala a seguir à sala de estudo, talvez virada para o recreio; em frente à porta estava o quadro, e, neste espaço, nada exíguo, o Dr. Leite, já a dobrar um pouco as costas, ao sabor da idade, conservando, sempre uma inteligente irreverência, uma figura já respeitável, pelo cargo, pela sua irrepreensível apresentação, sóbria, simples mas distinta, pela sua formação e sabedoria, vestindo um sobretudo preto, a contrastar com a raridade de cabelos brancos, deixando realçar já uma generosa calvície, e se ele agora aqui estivesse, corrigir-me-ia com o humor mais assertivo e sarcástico, mas sempre, sempre, incrivelmente jocoso, e diria, careca! alegremente, ou, num relance de pensamento de duas ou três quadras, mesmo a jeito de retratar o caricato do que quer que fosse ,na sua boa disposição que, quando necessário, alternava com o rigor preciso e necessário; mas sempre activo e nunca dado à melancólica apatia , passeava de cá para lá, sempre de vara na mão, brandindo-a a acompanhar o ritmo do seu discurso, ou o cómico dos seus reparos, e dizia ele , quando as rectas não eram tão perfeitas quanto ele o exigia, e , de certeza que ninguém esqueceu estas imagens , marcantes, inofensivas, acompanhadas de alguma hilaridade, mas de algum modo, não deixando de ser carinhoso, mas embaraçoso para aquele a quem o compasso não acompanhava o rigor preciso e exigido, e era desta maneira que a ninguém ficou indiferente: «mas fizeste aí uma recta tão perfeita que nem o rabiço do Felgar!!», outras vezes, quando as malfadadas elipses não correspondiam ao que ele exigia, «essas encomendaste-as no Larinho; quase desenhaste aí uma albarda! e trouxeste-a logo hoje de manhã!», ou ainda, «vais ter que nos dizer onde há esses púcaros assim tão originais… isso só lá na tua terra…» Claro que ninguém queria ser exposto a esta graça, inofensiva mas que, de certo modo, individualizava; e todos tínhamos que ser os melhores; era uma crítica pertinente. Como excelente professor as notas dele, no exame final, eram, igualmente e sempre, as melhores; dotado de rigor e exigência mas amenizados por um humor fino e acutilante, as suas aulas pautavam pela serenidade de um trabalho dinâmico, interagindo uns com os outros, ordeiramente, mas sempre com o objectivo de alcançar o excelente. Bons tempos!!Bons tempos em que as circunferências, as elipses ou as rectas que não o eram tão imaculadas quanto o necessário , procuravam , já naquele tempo, preservar a ruralidade, o ambiente natural; ou reconhecer o mérito de uma interioridade agora votada ao esquecimento, ao abandono?...

Arinda Andrés

MONCORVO,VEJO-TE ASSIM.(Canção)

Da serra do Reboredo
Moncorvo,vejo-te assim
Cascata altiva e formosa
Como as rosas de um jardim.
Moncorvo,vejo-te assim.

Beija-te o rio Douro
E o Sabor te abraça
Suas águas vão correndo,
Dizendo adeus a quem passa.
E o Sabor ter abraç.

Colégio Campos Monteiro,
Subo a rua é verdade.
Já passaram tantos anos
Mas ficou sempre a saudade.
Subo a rua é verdade.

Dr.ramiro Salgado.
Que tão ilustre figura.
Seu saber, sua bondade
É imagem que perdura.
Que tão ilustre figura.

Colégio Campos Monteiro.
Subo a rua,é verdade,
Já passaram tantos anos,
Mas ficou esta saudade.
Colégio Campos Monteiro,
Tu és a minha saudade.

Mario Martins

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Eu, não-aluno do Colégio, me confesso

Começo com um título que é uma (pequena) provocação. Apesar de corresponder a uma situação factual, não ter sido aluno do Colégio Campos Monteiro, a ele cheguei na sequência do apelo feito pelo Ramiro Salgado, na sessão de lançamento do livro do António Júlio Andrade, História Política de Torre de Moncorvo 1890-1926, que se verificou na Casa de Trás-os-Montes, em Lisboa, a 4 de Dezembro de 2010. Para ele também contribuiu o pedido da Júlia Ribeiro, feito na mesma sessão, para que os moncorvenses interessados colaborassem com e na revista que tem sido editada pela Associação dos Alunos e Amigos do ex-Colégio Campos Monteiro. Lançado o apelo e feito o convite, aqui fica a resposta. Esperemos que não seja a última e que outros, igualmente «não-alunos do Colégio» (mas talvez amigos…), possam vir a dar o seu contributo. Esperemos, pois.
Ao contrário dos meus irmãos, Camila e Eduardo, dos meus pais, Celeste e Camilo, e do meu avô Francisco, a minha ligação ao colégio Campos Monteiro não passou disso mesmo, das memórias e das vivências de irmãos, pais e avô, ainda que no exercício de funções diferenciadas: uns como alunos, irmãos e mãe, outros como professores, pai e avô. Tirando, talvez, a recordação do meu irmão com uma carecada e de uma fugaz memória de garoto acocorado debaixo da secretária do pai, durante uma aula, nada mais me resta, no que à vivência e à experiência do e no Colégio se referem, do que viver ou fruir as emoções e as memórias alheias, quer de familiares quer de amigos. Mas mais não fosse por isso, pela partilha e pela influência que isso também terá tido na minha vida e personalidade, aqui fica este tributo, que também lhes é endereçado e me honra particularmente.
Mas chega de falar do passado. E ao falar do presente ou do futuro é já na qualidade de «não-aluno do Colégio», qualidade em que me sinto confortável, e em que quero eventualmente prestar a minha colaboração com os projectos e as iniciativas lançadas pela Associação, desde que assumidas com o espírito e o horizonte traçados pelo Ramiro Salgado no seu apelo: abertos, abrangentes e esforçando-se por incorporar o diverso. Não o entender assim – desculpem-me a franqueza – significará o definhar e o fim inevitável do projecto da Associação.
Falando do futuro, precisamente, socorro-me de uma afirmação do António Júlio Andrade, no livro citado acima: «E porque eu sinto que este livro é o começo e não o fim de uma investigação, antecipadamente agradeço as informações e documentos que os meus conterrâneos entenderem por bem trazer à luz do dia para que a história de Torre de Moncorvo seja melhor contada e escrita, para a educação das gerações de moncorvenses que nos seguirem» para balizar ou sugerir algumas pistas de consulta ou de investigação que me parecem vir a ser úteis para este objectivo de «trazer à luz do dia a história de Moncorvo»:
1 – Os arquivos administrativos, designadamente de ministérios, direcções-gerais ou organismos similares;
2 – A diáspora dos naturais, quer nas migrações internas quer para o estrangeiro;
3 – A influência e as transformações no sistema de ensino;
4 – A biografia ou o roteiro de personalidades e/ou eventos;
5 – As práticas e as vivências culturais, populares ou eruditas;
6 – A recolha e sistematização das actividades lúdicas, designadamente dos jogos tradicionais e infantis;
7 – O impacto do cinema ou do teatro;
8 – O impacto e a influência dos designados «direitos de cidadania»: ambiente, responsabilidade social, voluntariado, solidariedade.
Mesmo que muitas destas referências já tenham uma evidência e resultados significativos, não quis deixar de apresentá-los neste contributo. Dar-lhe ou não continuidade ou expressão quantitativa ou qualitativa é uma responsabilidade de todos. Sobretudo – diria eu – dos «não-alunos do Colégio». Vamos lá. Moncorvo agradece.

José Sobrinho
Lisboa, 8 de Dezembro de 2010.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

ENCONTRO


Realizou-se ontem, 4 de Dezº , na Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro de Lisboa, o anunciado encontro dos antigos Alunos e Amigos do nosso velhinho Colégio Campos Monteiro..
O dia estava frio e chuvoso, mais convidava a ficar em casa, à lareira, do que vir por aí fora, calcorreando estradas e depois, em Lisboa, ainda ter de procurar estacionamento. Pois, apesar do tom cinzento e da feia carantonha do tempo, compareceram cerca de uma centena de velhos – e mais novos - colegas e amigos . Estavam não só muitos dos residentes na capital, mas também arrostaram o temporal colegas vindos do Porto, de Moncorvo, de Carviçais, do Felgar, etc. etc. A Amizade é uma Força !
Foi esta Força que proporcionou momentos de intensa alegria pelo reencontro, por vezes, após mais de 50 anos de afastamento e de silêncio . Foi um atropelo de exclamações e perguntas e abraços. Foi um reavivar de memórias daqueles tempos que, embora de inocência, envolviam já sacrifícios e responsabilidades.

Perdoem o quase sacrilégio do que vou dizer : houve um momento em que, se eu soubesse cantar, teria entoado o “Hino à Alegria” que é também o hino à Amizade e à Liberdade : “Todos os homens serão irmãos ...”.

Mas vamos deixar esse momento de grande comoção e passemos ao almoço, também ele composto de manjares dignos dos deuses: alheiras , queijos, presunto, cabrito e vinho da nossa terra ! Não há nada que se lhe compare.
Estou a fazer inveja aos ausentes? É bem feito...
Às 16 horas teve lugar a 2ª parte do encontro: a apresentação do nº especial da nossa Revista “ República e Educação” (umas palavrinhas ditas por mim) e a apresentação do excelente livro do António Júlio Andrade : “História Política de Torre de Moncorvo : 1890-1926 “, a cargo do Rogério Rodrigues, que nos brindou com uma análise de grande rigor e muito saber como, aliás, é seu hábito e a qual foi muito aplaudida.
Várias vozes se ouviram no final deste encontro, manifestando o desejo de outros encontros semelhantes e com maior frequência.
A Direcção da Associação congratula-se pelo êxito de mais esta actividade e agradece a todos os Associados e Amigos a sua presença e o seu apoio.
E uma última, mas não menos importante, palavra de agradecimento vai também para a Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro pelo caloroso acolhimento que muito contribuiu para a concretização deste evento, no qual esteve presente a Sra.Dra.Maria de Lurdes Vaz Marques, membro da Direcção desta instituição.

Júlia Ribeiro, 5.Dezº de 2010

sábado, 9 de outubro de 2010

A NOSSA REVISTA

Alguns excertos(cont.):
“ O Sr. Padre Rebelo foi registando em letra de forma, ao longo da sua vida, tudo o que foi encontrado de interesse em Trás-os-Montes e Alto Douro e mostrava-me esses registos, quase todos eles repletos de anotações, feitas à mão, nas margens do texto. O Sr. Padre Rebelo gostava de partilhar os saberes, não os guardava egoisticamente para si.”
(Padre Rebelo, o homem, o colega e o mestre –António Pimenta de Castro)

“Ao asseverar a sua despolitização, o autor (Campos Monteiro) não fez mais do que reafirmar a defesa de uma sociedade contrária àquela que caracterizou a Primeira República. Não teve, todavia, tempo de vida suficiente que lhe permitisse olhar, criticamente, a ideologia. A que estruturou o chamado Estado Novo”
(Campos Monteiro, uma leitura—J. Ricardo)

“ O livro de Campos Monteiro (Ares da Minha Serra), não sendo de grande qualidade literária, respeitando embora os cânones da época, tem, no entanto, uma virtude única: dá-nos a conhecer não só o linguajar, bem como a topografia e os costumes de Moncorvo nos princípios do século passado”.
(Ares da Minha Serra—Rogério Rodrigues)

“Muito haveria a dizer sobre o impacto da realização das obras na região, mas tal caberá no âmbito de um estudo sociológico aprofundado e que, inclusivamente, poderá trazer à lembrança episódios dignos de registo. Poderá invocar-se o paralelismo com a situação que se poderá observar ao caso da construção do Aproveitamento do Baixo Sabor”
(Pocinho 1976-1983.Memórias de uma barragem—Ramiro Salgado)

“Na realidade esta fase da história das minas de Moncorvo, que já leva cerca de 130 anos, apenas conheceu um fugaz momento, entre 1951 e 1959, de exploração a sério, com alguma sustentabilidade, envolvendo grandes contingentes de pessoal e de máquinas, sem grandes sobressaltos e com expectativas de continuidade. Não durou 10 anos.”
(A odisseia do ferro de Moncorvo até à Ferrominas –Nelson Campos)

“A questão religiosa na I República,  aparte da participação portuguesa na Guerra de 1914, da pneumónica e do revivalismo católico de Fátim, terá sido uma das causas maiores para a queda e falência do generoso ideário do regime republicano”.
(A  questão religiosa e Afonso Costa –Rogério Rodrigues)

“ Em 10 de Dezembro de 1908, o jornalista, panfletário e historiador João Chagas, em memorável carta ao rei D. Manuel aproveitando a ocasião da sua viagem ao Norte, a dada altura pergunta: Quem foi o Buiça? Responde: O Buíça, meu príncipe, foi – a Fatalidade”.
(Buíça, um apelido perigoso—Armando Fernandes)

“À medida que as visitas se foram sucedendo, com meses de intervalo e correspondência trocada, Berta foi desenvolvendo uma relação ambígua, quase protectora em relação a Abel Olímpio. Quando o Dente de Ouro adoeceu, chegou a oferecer-se para lhe pagar o tratamento médico em troca de informações. No entanto, foi só  quando Berta ameaçou contar tudo à mãe de Abel, ainda viva em Torre de Moncorvo e ignorante das malfeitorias do filho que este aceitou confessar”
(O Vilão de Moncorvo---Tiago Rodrigues)

“Em 2010, o projecto colectivo continua de pé, apesar de nos sentirmos  condicionados pela disponibilidade limitada e alguns actores, com vidas profissionais nem sempre conciliáveis  com amor à arte de Telma”
(Moncorvo tem Alma do Ferro—Américo Monteiro)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A NOSSA REVISTA

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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A NOSSA REVISTA

A Associação dos Alunos e Amigos do ex-Colégio Campos Monteiro de Moncorvo vai levar a efeito o lançamento da próxima edição da sua revista  no dia 9 de Outubro pelas 14h-30m na Casa Regional dos Transmontanos e Alto-Durienses do Porto, à Rua de Costa Cabral, nº 1037 no Porto, sendo a apresentação feita pela associada  Maria Júlia Barros Guarda Ribeiro.

Trata-se de um evento na linha de continuidade de idênticas iniciativas que a Associação tem levado a cabo, desta vez com a preciosa intervenção do escritor e jornalista, e também antigo aluno, Rogério Rodrigues, na tarefa de organização da revista, cuja direcção  cabe àquela  nossa Colega.

O conteúdo da revista encerra temas, predominantemente, sobre o Ensino e a República, relativos ao período correspondente ao fim da monarquia e primeiros  anos  da  República na nossa região, havendo, ainda alguns artigos que, embora não tenham uma relação directa com aqueles temas, dizem, igualmente, respeito ao nosso concelho.

No dia 16 de Outubro decorrerá a apresentação da Revista integrada na sessão de lançamento do livro de António Júlio Andrade, na Biblioteca Municipal de Torre de Moncorvo, sob a iniciativa da Câmara Municipal.  


Alguns excertos:

“Sabemos que entre 1911 e 1917 (…) no concelho de Moncorvo havia 33 escolas: 14 do sexo masculino, 12 do sexo feminino e sete escolas mistas. Em algumas freguesias, devido ao número insuficiente de crianças, havia uma escola mista que tinha à frente uma professora. Açoreira, Adeganha,Horta, Junqueira, Peredo dos Castelhanos e Souto da Velha tinham escolas mistas”
(O Ensino público em Torre de Moncorvo na Primeira República—Conceição Salgado)

“António Sérgio foi ministro da Instrução em 1923, durante dois meses e 10 dias (…)Criou o ensino especial para crianças deficientes. Levou o cinema às escolas (cinema educativo). Estabeleceu as bases para a organização de Museus Educativos (hoje seriam chamados Centros de Recursos). Fundou o Instituto Português do Cancro (hoje Instituto Português de Oncologia)”
(Os conceitos de Democracia e de Pedagogia em António Sérgio ---Júlia Ribeiro)

“A função principal da educação é indiscutivelmente a criação de cidadãos submissos, isto é, de cidadãos que aceitem, sem  qualquer contestação., a Autoridade de Salazar. Quando a educação não cumpre essa missão, resta ainda o recurso à violência, à repressão. Educação e repressão foram os dois pilares em que o regime se apoiou”
( O Conceito de Educação no Estado Novo—César Urbino Rodrigues)

“Neste texto, tentarei, em jeito de resenha, dar a conhecer a evolução do ensino em Torre de Moncorvo, desde a criação do Colégio Campos Monteiro até à actualidade,  bem como uma breve apresentação do actual Agrupamento de Escolas de Torre de Moncorvo”. 
 ( O Ensino em Torre de Moncorvo de 1936 a 2010—Alberto Areosa)

“Pessoa amiga e ainda ‘meio família’ que visitava a casa dos meus pais, residente em Moncorvo mas com propriedades em Maçores, insistia para que o menino que eu era, com os seus nove anitos, fosse estudar para a vila, ficando albergado em sua casa na rua da Misericórdia. Decisão difícil para os meus pais, pois era filho único”
(Para lá do Roboredo…--Alípio Tomé Pinto)

“Dizer adeus a Moncorvo não foi fácil, nem para mim, nem para a minha mulher, nem para os meus filhos ( dois, na altura). Já tínhamos, todos nós, deitado raízes no chão criançoso dessa terra acolhedora.
Pela minha parte, vivi ali três nãos que me tinham transmitido experiências novas e sobretudo novos amigos “
(A minha ida à guerra—A.M. Pires Cabral)

“Antítese do perfil típico do funcionário público, sendo um homem de relacionamento fácil, rapidamente se inseriu no meio, fazendo amizades à esquerda e à direita (literalmente), tem, por gosto ou necessidade, multiplicado as suas actividades: Chefe de Secretaria, Professor no Colégio Campos Monteiro ou dedicando parte do seu tempo à Livraria – Selecta de seu nome – a primeira de Torre de Moncorvo”
(Pai e Amigo Leandro—João Mário)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Quadras dedicadas a antigos alunos do Colégio Campos Monteiro.(III)

XIII


A Lela (12) era um primor

Quando a Lucília (13) imitava,

Fazia-o com tal rigor

Que qualquer um acreditava.

XIV

A Etelvina (14) levava a palma

De “bisbilhoteira” debutou,

Notável na arte de Talma

Pena que não continuou.

XV

Botelho também António (15)

Do tiro aos pombos perito,

Com “Flauber” que demónio

Mata o pombo mais aflito.

XVI

Qual D. Quixote atrevido (16)

Com espada de cavaleiro,

Defende a mana aguerrido

Pobre do Rocha barbeiro.

XVII

Doutora Maria Pêra

Na História imperava,

E ao Armando da cera (17)

Por “ Tu Matos” chamava.

XVIII

O Alves também Madeira(18)

Bom rapaz tudo calava,

As orelhas à maneira

Que ninguém a mal levava.

XIX

Enquanto as abanava

Era tal a ventania,

Que a Nita(19) enregelava

Apesar da valentia.

XX

Em viagem p´ra Bragança

Onde fomos p’ra cantar,

Antes das canções festança

De quem queria merendar.

XXI

Um pássaro morto tocou (20)

Ao Dr. Sobrinho por sina,

Quase que se engasgou

Maldade que o Zé assina.

XXII

A Carmen Pires foi madrinha

Da tuna dos estudantes,(21)

Foi um desbaste na vinha

E bebedeiras delirantes.

XXIII

Serão lapsos de memória

As tranças que então usavas? (22) .

Ou fazem parte da história

E o laço que as encimava.

XXIV

Boa aluna sei que eras

E do Inglês gostaste,

Não ficaste por quimeras

O teu Curso terminaste.

XXV

Rumaste para Macau

A pensar no Rio Douro,(23)

E onde havia calhau

Transformaste-o em tesouro.

XXVI

De face harmoniosa(24)

Que recordo com saudade,

Que postura tão airosa

Lembro a Raquel Sambade.

XXVII

Da Amélia Peixe vos falo

Na Câmara Municipal,

De minhota um regalo!

A folgar ao Carnaval. (25)


NOTAS EXPLICATIVAS

(12) Maria Amélia Morgado Lima filha do Dr. Lima

(13) Dra. Lucília Lopes.

(14) Etelvina Botelho fez um grande sucesso na peça “A Bisbilhoteira” que representámos no Cine Teatro da nossa Terra.

(15) O António Moritze Botelho num pombal perto da quinta do Marmeleiro fez tiro ao alvo, eu que o acompanhava, não matei qualquer pombo, mas levei por tabela do meu pai.

(16) O António face a uma situação de desacordo entre a irmã, Etelvina Botelho, e o Rocha vá de entrar de espada em riste na barbearia deste obriga-o a correr à sua frente, Rua do Cano abaixo, hoje Visconde de Vila Maior. O pai, Dr. Botelho, sai da relojoaria do Manuel relojoeiro e brinda o Rocha com uns sopapos, os quais lhe causariam alguns dissabores.

(17) Recorda-se o Armando de Matos de Felgueiras, na época dos cerieiros.

(18) Armando Madeira Alves de Freixo de Espada à Cinta.

(19) A Nita - Ana Sara Brito é chamada a colação.
(20) O Coro do Colégio foi actuar num Concurso à sede de distrito, quando parámos para merendar, o José Maria Fernandes juntou ao lanche do Dr. Sobrinho um pássaro morto, o que muito irritou o nosso professor.
(21) A Tuna de Coimbra actuou em Moncorvo, com Sarau de Gala na Câmara Municipal o Fernando Chiote (hoje médico) trasmontano de Bragança, aboletou em minha casa, foi tal a piela que teve de ser levado de padiola. Os meus pais cederam o quarto em que dormiam no primeiro andar para instalar o Chiote. O Fernando com os vapores do álcool a toldarem- - lhe o raciocínio resolve vestir o casaco da minha mãe saindo para a Rua 1º de Dezembro e tentou dirigir-se para a Praça Francisco Meireles, o que eu consegui evitar. O caricato da situação é que no dia seguinte a minha inefável Avó Laudemira, que dormia no rés do chão, a primeira coisa que me disse, no dia a seguir, foi - Olha que o estudante que dormiu cá em casa tem um pijama quase igual ao casaco da tua mãe.
(22) As duas quadras que se seguem são dedicadas à Maria Júlia Ferreira Guarda Ribeiro.
(23) Ao Manuel Pinto e à sua meritória obra na de valorização do património que os pais lhe deixaram no Vale do Sabor.
(24) Para Raquel de Araújo Sambade, cuja simpatia e simplicidade era de todos reconhecida.
(25) Não sei se te recordas de um baile que houve na Câmara Municipal, qual seria a nossa idade? … dez, onze anos? Vá lá saber-se ? Chego a espantar-me destas reminiscências !!!


As quadras que vierem a ser produzidas, a partir de agora terão a numeração que podereis constatar.
A quadra seguinte dedicada ao Dr. Ramiro Salgado, que apresento sem numeração será a sempre a última, uma vez que, como povo diz, “ os últimos serão os primeiros”.

(Numeração a ser dada pelo Centro de Memória, uma vez que estou certo de que mais quadras virão à estampa).

Doutor Ramiro Salgado
Que ensinaste gerações,
Serás sempre lembrado
Conquistaste corações.

Por agora, no que toca a quadras, e para relembrar , deixo uma dedicada pela rapaziada mais antiga à Dra.Lucília Lopes e que rezava assim:

Caiam raios sem fim
Chuva a cântaros e potes,
Acaba a aula de Ciências
Da chata Lucília Lopes.

Ela que me perdoe … já perdoou.

A dificuldade de escrever uma quadra que relatasse uma situação criada pelo Cassiano Meireles quando da nossa viagem para fazermos a admissão ao Liceu em Bragança, leva-me a transcrevê-la, pelo pitoresco de que se reveste.
O José Cassinano Meireles era afilhado de S. José e foi à Igreja Matriz despedir-se do padrinho e como deixava a mãe sozinha em Moncorvo, ajoelhou-se aos pés do santo e a “conversa” foi do seguinte teor:
- Oh! Padrinho eu vou a Bragança fazer a admissão ao Liceu e tu toma-me cá conta desta “cagalheta”, referindo-se à mãe. É preciso deixar claro que a expressão não tinha qualquer sentido pejorativo. Nunca ficámos a saber o que o Santo lhe terá respondido.
Ficam tantos por recordar, no entanto gostaria de verter para o papel os nomes dos seguintes antigos colegas: os seis irmãos Salgado, a Benilde, o Carlos Canhoto, os dois João Lima, a Fernanda Fernandes, o Emílio Guerra, a Fernanda Brito, o Octávio Morgado (Penedono), a Olinda Paixão, o Quimcá (Joaquim Carlos Simões), a Zelda Simões, o Néné, os José e Heitor Serra, o Moutinho de Foz Côa, o Mário Afonso Pinto, o José Luís Baptista, o Aurélio Ferreira, o Afonso Dias, o Francisco Mateus, o Eurico Madeira, o Emídio Poiares, as irmãs Síria, Susana e Lénita, a Maria Amélia Peixe e tantos outros que seria muito difícil ou quase impossível enumerar (que me desculpem aqueles que não referi, mas foi sem qualquer intenção).
A maioria destas quadras foram alinhavadas em casa da Maria Lucinda Antunes na Quinta da Marinha em Cascais, numa inesquecível reunião de Moncorvenses realizada no dia 3 de Junho de 2002.

Um grande abraço para todos os antigos alunos, do nosso Colégio de sempre.
Saudações “Monteirianas”,
Do Manuel Serapicos

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

TRECHO DO SABOR

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PINTURA DA NOSSA COLEGA BENILDE SALGADO

domingo, 5 de setembro de 2010

Quadras dedicadas a antigos alunos do Colégio Campos Monteiro.(II)

V
A Lucinda tão ladina (1)
Foi nossa anfitriã,
De perfil imita a Gina (2)
Lábios cor de romã
VI
Aquela de exploradores(3)
Atacando o Reboredo,
Quase fomos perdedores
Que o diga o Zé Alfredo.
 VII
O Ramiro prazenteiro (4) 
P’rás festas organizar,
Sempre em lugar primeiro
Com a malta a festejar.
VIII
Por Maria da Conceição (5)
Ninguém sabe quem é,
Nunca perde a animação
Falo-vos da Bébé.
IX
Abílio que inspiração (6)
P’ro flautim afinado, 
Tinha grande vocação
Pela Ulema foi caçado.(7)
X
Na aula de Português 
Célebres os  ‘nés’  ficaram, (8)
 A contagem era rés vés
Ao Fevereiro apanharam.
XI
De Maçores partiu um dia  
Foi de rumo à Capital,
Alípio … (9) tal foi a porfia
Que chegaste a General.   

NOTAS EXPLICATIVAS

(1) Maria Lucinda Antunes
(2)“Gina Lolobrígida” celebérrima  artista italiana     
(3) Dois dos intervenientes foram o Zé Alfredo e  eu. O Zé num dia de neve, no Reboredo foi    ficando para trás, só fiquei eu para o trazer às costas. O regresso foi muito difícil.  O Zé introduziu as calças dentro das botas de cano alto e quase lhe gangrenavam os dedos dos pés.
 (4) Ramiro d’ Almada Guerra      
(5)  Maria da Conceição Malheiros de Sousa    
 (6)  Abílio do Nascimento Martins Dengucho
  (7) Ulema  Brito.
 (8)  Os protagonistas foram o Dr. Sobrinho e o Manuel Fevereiro. O Dr. Sobrinho    costumava  dizer com frequência  ‘né’  ou  ‘né isso’ . Um dia foi decretada a contagem dos ‘nés’  pelo pessoal. As moças procederam ao registo e quando chegasse à quadragésima vez, todos nos levantaríamos e sentaríamos de repente. O Manuel Fernando Fevereiro não foi lesto a sentar-se e foi apanhado de pé Não me lembro se houve consequências.  
(9)  Alípio Tomé Pinto   
  
Um grande abraço para todos os antigos alunos, do nosso Colégio de sempre.

Saudações “Monteirianas”,

Do Manuel Serapicos



sábado, 28 de agosto de 2010

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

UMA BRINCADEIRA DE VERÃO

Da colega Arinda Andrés,aluna do Colégio , em 63:
ESTA É A INTRODUÇÃO, QUE É UMA EXPLICAÇÃO, MUITO ABREVIADA, PARA PREPARAR  A EUFONIA QUE A SEGUIR SE APRESENTA; É UMA COISA LEVE E DIVERTIDA, ESTAMOS EM FÉRIAS.
OS SONS ANDAM NO AR
 À ESPERA DE QUEM OS AGARRE,
VOU GUARDÁ-LOS NAS PALAVRAS
À PROCURA DA MÚSICA DOS MEUS SENTIDOS,
 São as vuvuzelas…!!!
 vuvuzelantes…
Breves,  esfuziantes, as vuvuzelas
elevam-se em assobiadelas ,
verdes, azuis, amarelas
belas, as vuvuzelinhas,
vuvuzelam ,  azulinhas,
picadelas de abelhas tremeluzentes
 em selhas fosforescentes
sopro de cor, ensurdecedor
às vezes magnetizantes, esfuziantes
vuvuzelam  ziguezaguantes
selhas de abelhas
melros electrizantes a esgazear
vozeirões vuvuzelantes em bambinelas
sequelas  pelo ar a vuvuzelar
as vuvuzelas esfuziadelas de fel
em vozeirões de cinzel, mel
 de abelhas  em selhas  amarelas.
 pimpinelas, as vuvuzelas!
a ziguezaguar pelo ar
em sopro ensurdecedor.
vuvuzelantes, as vuvuzelas vuvuzelam
em vuvuzelinhas de mel
electrizantes , esfuziantes,

Arinda Andrés

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Quadras dedicadas a antigos alunos do Colégio Campos Monteiro. (1)


As quadras que vos deixo, nasceram de supetão, reminiscências que só vinculam o seu autor, que desde já faz o seu acto de contrição, se algum dos retratados for indevidamente recordado, mas quase posso jurar que não. Estas quadras foram escritas mais de cinquenta anos depois das memórias a que se referem, perdoem qualquer pequena imprecisão.
I
Colégio Campos Monteiro
Oh! tempo d’ adolescência,
Foste facho e luzeiro
Memórias de irreverência.
II
Os que vier a retratar
Não me vão levar a mal,
Quero-vos recordar
De maneira fraternal.
III
A Carmo Alves e  Lili                              Maria Carmo Alves filha do Inspector Alcino 
Em cochichos tão constantes,             Alves, nosso professor de Desenho e Lili como 
Que infindáveis ri, que ri…                  era conhecida a colega Maria Elisa Vaz Pinto.
Tornavam-se irritantes.
IV
Qui manque à la classe?                       France Vasconcelos que tinha uma dificuldade
Diz o Urgel sem dar “chance”               no andar. Nunca mais vi esta colega nem a sua
P’ra que a malta registasse                  irmã Jovita. António Urgel d’Almada Guerra e
Qui manque c’est la France                  claro … a aula era de francês, prof. Dr. Lima.

A maioria destas quadras foram alinhavadas em casa da Maria Lucinda Antunes na Quinta da Marinha em Cascais, numa inesquecível reunião de Moncorvenses realizada no dia 3 de Junho de 2002. 

Um grande abraço para todos os antigos alunos, do nosso Colégio de sempre.
Saudações “Monteirianas”,
Do Manuel Serapicos
Nota : Pedimos desculpa ao Manuel  pelos erros da publicação das suas quadras e anotações.
 Envia novamente, se fazes  favor ,as outras quadras separadas das anotações.

NASCIDOS NO CENTRO DE MEMÓRIA

Os manos Salgado :São, Paulo, Ramiro, Armando .
Os manos Brito: Lelo , Laila, Fernanda, Julieta.
Nascidos no edifício que é hoje o Centro de Memória. Todos frequentaram o Colégio, excepto a Laila ,que faleceu em criança.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

CONVITE

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Para saber mais: http://www.torredemoncorvo.pt/centro-de-memoria-recebe-exposic-o-de-pintura-de-dario-alves


http://darioaugustoalves.blogspot.com/



segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A Nossa Colega Lucinda - II

 
O que se segue é parte do texto que a colega Júlia escreveu sobre a colega Lucinda num comentário:

Apresento-vos a minha amiga Maria Lucinda Antunes, também cozinheira de alto gabarito, como podem ver pela capa do seu livro. (Um encanto por fora e muito mais por dentro).
Estranharam o nome da autora? É que a Maria Lucinda adoptou para sempre o nome do pai dos seus filhos .
Um grande abraço, Mulher lutadora.
Júlia

 

domingo, 22 de agosto de 2010

sábado, 21 de agosto de 2010

Parlamentares e ministros da 1ª República, naturais do Concelho de Moncorvo

     Abreu, Júlio Henriques de – Nasceu a 10 de Dezembro de 1876 em Moncorvo, e era filho de António Marcelino de Abreu e Maria Benedita de Carvalho Abreu. Formado em Direito, foi juiz de Direito e governador da colónia de Cabo Verde em 1923-1926. Em 1921 foi eleito deputado pelo círculo de Moncorvo, nas listas do partido democrático.
Carvalho, Constâncio Arnaldo de – Nasceu em Moncorvo, em 1876 e era filho de António Manuel da Silva e Maria Elisa de Carvalho. Formou-se em Direito na Universidade de Coimbra. Foi advogado em Moncorvo e Conservador do Registo Predial no Porto. Em termos políticos exerceu as funções de Administrador do Concelho e presidente da Câmara Municipal de Moncorvo, Governador Civil de Bragança (1917) e deputado pela capital Transmontana na legislatura de 1919. Faleceu no Porto em 1929.
Correia, Francisco António – Nasceu em Moncorvo a 9 de Novembro de 1877; filho de Francisco Correia Ralha e Maria dos Prazeres Morais de Sampaio e Melo. Casou com Antonieta de Bastos Correia, da qual teve geração. Durante o período da 1ª República foi Director do Instituto Industrial e Comercial entre 1917 e 1928; integrou a missão intelectual que acompanhou António José de Almeida ao Brasil (1922); esteve incumbido das negociações de um modus vivendi com a França (1923) e, já fora daquele período continuou a desempenhar cargos de relevo até 1938. Independente politicamente, assumiu o cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros em 26 de Junho de 1920… Integrou o primeiro Corpo Directivo da revista Seara Nova, entre 15 e 16 de Outubro de 1921, tendo sido indigitado Ministro do Comércio nessa altura. Assumiu ainda a pasta das Finanças, mas por pouco tempo. Já fora do período da República, continuou a desempenhar cargos de relevo até 1938. Faleceu em Lisboa, nesse mesmo ano.
Durão, Alfredo José – Nasceu em Urros a 27 de Agosto de 1860 (Moncorvo) e era filho de Manuel António Durão e Maria Joaquina Monteiro Durão. Assentou praça em 1874, seguindo a carreira militar na arma de Artilharia. Promovido a alferes em 1883, atinge o posto de major em 1909.. Professor de Ciências no Liceu Passos Manuel, foi chefe de Repartição na Direcção Geral dos Trabalhos Geodésicos, sendo eleito deputado à Assembleia Nacional Constituinte em 1911 e senador nesse mesmo ano, pelo círculo de Moncorvo.
Monteiro, Abílio Adriano Campos – Nasceu em Moncorvo a 7 de Março de 1876. Filho de José Carlos Monteiro e Maria Joaquina de Campos Monteiro. Formou-se em Medicina na Escola Médico - Cirúrgica do Porto, dedicando-se à medicina, e especialmente à literatura e ao jornalismo. Pelo seu prestígio literário, chegou a ser equiparado pelo Abade Baçal a Camilo Castelo Branco e a Guerra Junqueiro…Foi eleito deputado em 1918, pelo círculo do Porto…
Pires, Adriano Marcolino de Almeida – Nasceu a 4 de Dezembro em Moncorvo, filho de José Joaquim Pires e Conceição de Almeida Pires. Formou-se em Direito e seguiu a magistratura, tornando-se Juíz de Direito. Foi eleito deputado pelo círculo de Moncorvo, em 1918.
                               In Parlamentares e Ministros da 1ª República (1910-1926), A.H. de Oliveira Marques (coord.), 2000
                                                               Conceição Salgado – Texto adaptado



terça-feira, 17 de agosto de 2010

Uma estorinha da Júlia

Hoje,17 de Agosto, é o aniversário da nossa querida colega Júlia Biló.Com abraços de parabéns,desejamos-lhe as maiores felicidades.Dela é o conto que se segue, para os avós lerem aos seus netinhos:

A Joana e o cão Damião e o gato Damiau
A Joana foi brincar para o parque com outras meninas e meninos da sua escolinha.
Também foram duas professoras.
Havia no parque muitos mais meninos e meninas que andavam de balouço, andavam no escorrega e também andavam a correr , a jogar às escondidas e a jogar à bola.
As professoras vigiavam para que nenhum caísse nem se magoasse.
A certa altura a Joana viu um cãozinho pequenino, com um focinhito muito lindo, mas muito triste.
A pequerrucha deixou o balouço e veio fazer uma festinha ao cachorrinho. 
Uma professora disse:
-  Cuidado, Joaninha, que o cão pode morder.
A Joana respondeu:
- Ele ainda é pequenino.
Então o cachorrito lambeu a mão da Joana e fez:
- Béu, béu !
- Que engraçado - disse a Joana para a professora – o cão disse que se chama Damião.
A professora sorriu e outros meninos e meninas vieram brincar com o Damião que voltou a fazer  :
- Béu, béu !
A Joana disse então para os amiguinhos:
-  O Damião diz que anda perdido.
- Béu, béu ! Béu, béu ! – repetiu o Damião.
- E diz que não sabe do seu amigo .
- Quem é o teu amigo? - perguntou-lhe a Joana.
- Béu, béu !
- Ele diz que é o Damiau.
- E quem é o Damiau? – perguntaram os amigos da Joana.
O cãozinho respondeu :
- Béu, béu ! Béu béu !
-  O Damião diz que o Damiau é um gatinho branco com quem ele gosta de brincar -  explicou a Joana.
Os meninos e meninas começaram a procurar pelo parque o tal gatinho branco,  enquanto iam chamando em voz alta: 
- Damiau ! Damiau !
As professoras olharam uma para a outra e abanaram a cabeça, porque acharam muito estranho que só a Joana entendesse o que o cão dizia quando fazia :  “Béu, béu” .
E então perguntaram :
- Ora diz lá, Joaninha, tu entendes mesmo o que o cão diz? 
Antes da miudita responder, o Damião voltou a fazer :
- Béu, béu ! Béu, béu !
A Joana riu e explicou:
- O Damião diz que eu o entendo, porque ele me deu um beijinho na minha mão.
E lá vai ela correr e a chamar : - Damiau ! Damiau !   seguida do Damião com o seu  -  Béu, béu ! Béu, béu !
As professoras também correram e, rindo como as crianças, chamavam pelo Damiau.
E  não é que nessa altura apareceu um gatinho pequenino, todo branquinho como um novelo de lã, com uns olhos grandes muito verdes, que correu direitinho para o Damião e, depois de um grande abraço,  rebolaram ambos na relva muito felizes .
Depois levantaram-se e o Damião fez : - Béu ! Béu! .
O Damiau fez : - Miau ! Miau!
E a Joana disse: 
- Agora vão para casa.

Então, as meninas e os meninos, as mães e os pais e avós e professoras, que estavam no parque e acharam muita graça ao Damião e ao seu amiguinho Damiau desataram a bater palmas.

Postado por Lelo Brito