quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Eu, não-aluno do Colégio, me confesso

Começo com um título que é uma (pequena) provocação. Apesar de corresponder a uma situação factual, não ter sido aluno do Colégio Campos Monteiro, a ele cheguei na sequência do apelo feito pelo Ramiro Salgado, na sessão de lançamento do livro do António Júlio Andrade, História Política de Torre de Moncorvo 1890-1926, que se verificou na Casa de Trás-os-Montes, em Lisboa, a 4 de Dezembro de 2010. Para ele também contribuiu o pedido da Júlia Ribeiro, feito na mesma sessão, para que os moncorvenses interessados colaborassem com e na revista que tem sido editada pela Associação dos Alunos e Amigos do ex-Colégio Campos Monteiro. Lançado o apelo e feito o convite, aqui fica a resposta. Esperemos que não seja a última e que outros, igualmente «não-alunos do Colégio» (mas talvez amigos…), possam vir a dar o seu contributo. Esperemos, pois.
Ao contrário dos meus irmãos, Camila e Eduardo, dos meus pais, Celeste e Camilo, e do meu avô Francisco, a minha ligação ao colégio Campos Monteiro não passou disso mesmo, das memórias e das vivências de irmãos, pais e avô, ainda que no exercício de funções diferenciadas: uns como alunos, irmãos e mãe, outros como professores, pai e avô. Tirando, talvez, a recordação do meu irmão com uma carecada e de uma fugaz memória de garoto acocorado debaixo da secretária do pai, durante uma aula, nada mais me resta, no que à vivência e à experiência do e no Colégio se referem, do que viver ou fruir as emoções e as memórias alheias, quer de familiares quer de amigos. Mas mais não fosse por isso, pela partilha e pela influência que isso também terá tido na minha vida e personalidade, aqui fica este tributo, que também lhes é endereçado e me honra particularmente.
Mas chega de falar do passado. E ao falar do presente ou do futuro é já na qualidade de «não-aluno do Colégio», qualidade em que me sinto confortável, e em que quero eventualmente prestar a minha colaboração com os projectos e as iniciativas lançadas pela Associação, desde que assumidas com o espírito e o horizonte traçados pelo Ramiro Salgado no seu apelo: abertos, abrangentes e esforçando-se por incorporar o diverso. Não o entender assim – desculpem-me a franqueza – significará o definhar e o fim inevitável do projecto da Associação.
Falando do futuro, precisamente, socorro-me de uma afirmação do António Júlio Andrade, no livro citado acima: «E porque eu sinto que este livro é o começo e não o fim de uma investigação, antecipadamente agradeço as informações e documentos que os meus conterrâneos entenderem por bem trazer à luz do dia para que a história de Torre de Moncorvo seja melhor contada e escrita, para a educação das gerações de moncorvenses que nos seguirem» para balizar ou sugerir algumas pistas de consulta ou de investigação que me parecem vir a ser úteis para este objectivo de «trazer à luz do dia a história de Moncorvo»:
1 – Os arquivos administrativos, designadamente de ministérios, direcções-gerais ou organismos similares;
2 – A diáspora dos naturais, quer nas migrações internas quer para o estrangeiro;
3 – A influência e as transformações no sistema de ensino;
4 – A biografia ou o roteiro de personalidades e/ou eventos;
5 – As práticas e as vivências culturais, populares ou eruditas;
6 – A recolha e sistematização das actividades lúdicas, designadamente dos jogos tradicionais e infantis;
7 – O impacto do cinema ou do teatro;
8 – O impacto e a influência dos designados «direitos de cidadania»: ambiente, responsabilidade social, voluntariado, solidariedade.
Mesmo que muitas destas referências já tenham uma evidência e resultados significativos, não quis deixar de apresentá-los neste contributo. Dar-lhe ou não continuidade ou expressão quantitativa ou qualitativa é uma responsabilidade de todos. Sobretudo – diria eu – dos «não-alunos do Colégio». Vamos lá. Moncorvo agradece.

José Sobrinho
Lisboa, 8 de Dezembro de 2010.

1 comentário:

Júlia Ribeiro disse...

Amigo José Sobrinho:

Obrigada pela sua confissão.
Não haverá mais ninguém que queira "confessar-se" ou, pelo menos, deixar aqui um breve testemunho daqueles heróicos tempos de muita inocência e bastante sacrifício? Poderia ser que outros se lhe seguissem...

Abraços para todos
Júlia