XIII
A Lela (12) era um primor
Quando a Lucília (13) imitava,
Fazia-o com tal rigor
Que qualquer um acreditava.
XIV
A Etelvina (14) levava a palma
De “bisbilhoteira” debutou,
Notável na arte de Talma
Pena que não continuou.
XV
Botelho também António (15)
Do tiro aos pombos perito,
Com “Flauber” que demónio
Mata o pombo mais aflito.
XVI
Qual D. Quixote atrevido (16)
Com espada de cavaleiro,
Defende a mana aguerrido
Pobre do Rocha barbeiro.
XVII
Doutora Maria Pêra
Na História imperava,
E ao Armando da cera (17)
Por “ Tu Matos” chamava.
XVIII
O Alves também Madeira(18)
Bom rapaz tudo calava,
As orelhas à maneira
Que ninguém a mal levava.
XIX
Enquanto as abanava
Era tal a ventania,
Que a Nita(19) enregelava
Apesar da valentia.
XX
Em viagem p´ra Bragança
Onde fomos p’ra cantar,
Antes das canções festança
De quem queria merendar.
XXI
Um pássaro morto tocou (20)
Ao Dr. Sobrinho por sina,
Quase que se engasgou
Maldade que o Zé assina.
XXII
A Carmen Pires foi madrinha
Da tuna dos estudantes,(21)
Foi um desbaste na vinha
E bebedeiras delirantes.
XXIII
Serão lapsos de memória
As tranças que então usavas? (22) .
Ou fazem parte da história
E o laço que as encimava.
XXIV
Boa aluna sei que eras
E do Inglês gostaste,
Não ficaste por quimeras
O teu Curso terminaste.
XXV
Rumaste para Macau
A pensar no Rio Douro,(23)
E onde havia calhau
Transformaste-o em tesouro.
XXVI
De face harmoniosa(24)
Que recordo com saudade,
Que postura tão airosa
Lembro a Raquel Sambade.
XXVII
Da Amélia Peixe vos falo
Na Câmara Municipal,
De minhota um regalo!
A folgar ao Carnaval. (25)
NOTAS EXPLICATIVAS
(12) Maria Amélia Morgado Lima filha do Dr. Lima
(13) Dra. Lucília Lopes.
(14) Etelvina Botelho fez um grande sucesso na peça “A Bisbilhoteira” que representámos no Cine Teatro da nossa Terra.
(15) O António Moritze Botelho num pombal perto da quinta do Marmeleiro fez tiro ao alvo, eu que o acompanhava, não matei qualquer pombo, mas levei por tabela do meu pai.
(16) O António face a uma situação de desacordo entre a irmã, Etelvina Botelho, e o Rocha vá de entrar de espada em riste na barbearia deste obriga-o a correr à sua frente, Rua do Cano abaixo, hoje Visconde de Vila Maior. O pai, Dr. Botelho, sai da relojoaria do Manuel relojoeiro e brinda o Rocha com uns sopapos, os quais lhe causariam alguns dissabores.
(17) Recorda-se o Armando de Matos de Felgueiras, na época dos cerieiros.
(18) Armando Madeira Alves de Freixo de Espada à Cinta.
(19) A Nita - Ana Sara Brito é chamada a colação.
(20) O Coro do Colégio foi actuar num Concurso à sede de distrito, quando parámos para merendar, o José Maria Fernandes juntou ao lanche do Dr. Sobrinho um pássaro morto, o que muito irritou o nosso professor.
(21) A Tuna de Coimbra actuou em Moncorvo, com Sarau de Gala na Câmara Municipal o Fernando Chiote (hoje médico) trasmontano de Bragança, aboletou em minha casa, foi tal a piela que teve de ser levado de padiola. Os meus pais cederam o quarto em que dormiam no primeiro andar para instalar o Chiote. O Fernando com os vapores do álcool a toldarem- - lhe o raciocínio resolve vestir o casaco da minha mãe saindo para a Rua 1º de Dezembro e tentou dirigir-se para a Praça Francisco Meireles, o que eu consegui evitar. O caricato da situação é que no dia seguinte a minha inefável Avó Laudemira, que dormia no rés do chão, a primeira coisa que me disse, no dia a seguir, foi - Olha que o estudante que dormiu cá em casa tem um pijama quase igual ao casaco da tua mãe.
(22) As duas quadras que se seguem são dedicadas à Maria Júlia Ferreira Guarda Ribeiro.
(23) Ao Manuel Pinto e à sua meritória obra na de valorização do património que os pais lhe deixaram no Vale do Sabor.
(24) Para Raquel de Araújo Sambade, cuja simpatia e simplicidade era de todos reconhecida.
(25) Não sei se te recordas de um baile que houve na Câmara Municipal, qual seria a nossa idade? … dez, onze anos? Vá lá saber-se ? Chego a espantar-me destas reminiscências !!!
As quadras que vierem a ser produzidas, a partir de agora terão a numeração que podereis constatar.
A quadra seguinte dedicada ao Dr. Ramiro Salgado, que apresento sem numeração será a sempre a última, uma vez que, como povo diz, “ os últimos serão os primeiros”.
(Numeração a ser dada pelo Centro de Memória, uma vez que estou certo de que mais quadras virão à estampa).
Doutor Ramiro Salgado
Que ensinaste gerações,
Serás sempre lembrado
Conquistaste corações.
Por agora, no que toca a quadras, e para relembrar , deixo uma dedicada pela rapaziada mais antiga à Dra.Lucília Lopes e que rezava assim:
Caiam raios sem fim
Chuva a cântaros e potes,
Acaba a aula de Ciências
Da chata Lucília Lopes.
Ela que me perdoe … já perdoou.
A dificuldade de escrever uma quadra que relatasse uma situação criada pelo Cassiano Meireles quando da nossa viagem para fazermos a admissão ao Liceu em Bragança, leva-me a transcrevê-la, pelo pitoresco de que se reveste.
O José Cassinano Meireles era afilhado de S. José e foi à Igreja Matriz despedir-se do padrinho e como deixava a mãe sozinha em Moncorvo, ajoelhou-se aos pés do santo e a “conversa” foi do seguinte teor:
- Oh! Padrinho eu vou a Bragança fazer a admissão ao Liceu e tu toma-me cá conta desta “cagalheta”, referindo-se à mãe. É preciso deixar claro que a expressão não tinha qualquer sentido pejorativo. Nunca ficámos a saber o que o Santo lhe terá respondido.
Ficam tantos por recordar, no entanto gostaria de verter para o papel os nomes dos seguintes antigos colegas: os seis irmãos Salgado, a Benilde, o Carlos Canhoto, os dois João Lima, a Fernanda Fernandes, o Emílio Guerra, a Fernanda Brito, o Octávio Morgado (Penedono), a Olinda Paixão, o Quimcá (Joaquim Carlos Simões), a Zelda Simões, o Néné, os José e Heitor Serra, o Moutinho de Foz Côa, o Mário Afonso Pinto, o José Luís Baptista, o Aurélio Ferreira, o Afonso Dias, o Francisco Mateus, o Eurico Madeira, o Emídio Poiares, as irmãs Síria, Susana e Lénita, a Maria Amélia Peixe e tantos outros que seria muito difícil ou quase impossível enumerar (que me desculpem aqueles que não referi, mas foi sem qualquer intenção).
A maioria destas quadras foram alinhavadas em casa da Maria Lucinda Antunes na Quinta da Marinha em Cascais, numa inesquecível reunião de Moncorvenses realizada no dia 3 de Junho de 2002.
Um grande abraço para todos os antigos alunos, do nosso Colégio de sempre.
Saudações “Monteirianas”,
Do Manuel Serapicos